Terras de gente que anda a pé. Piodam.
Ruelas de traçado medieval, becos íngremes encaixados entre
o casario de xisto e alvenaria branca, telhados laminados a placas de lousa,
portas e janelas com aduelas e painéis em madeira pintada a azul, adornadas a
caixilharia branca.
Nas terras envolventes rebentam íngremes ravinas ponteadas
por casarios isolados, onde se traçam caminhos e regatos e nos recantos da
montanha soltam-se águas de cascatas.
Local de recolha e isolamento, propício à reflexão e cura
dos males das cidades, teria sido nestas terras que se refugiou Diogo Lopes
Pacheco, o assassino de Inês de Castro.
Nos anos 70 foi demolido um seminário que existia frente à
igreja, dando lugar ao actual largo da aldeia presépio.
Conjugados com o turismo, a actividade agrícola e a
pastorícia continuam agora tal como no passado a ser o meio de vida, de
subsistência e de sobrevivência da população sendo que em tempos idos ali habitaram
pastores, agricultores, mineiros, apicultores, criadores de cavalos e comerciantes.
Só em 1972 é que o Piódão consegue tornar-se acessível ao
resto do mundo com a abertura da estrada asfaltada até à aldeia, apenas aí
tendo chegado a electricidade em 1978.
Até 1972 a única estrada existente terminava a cerca de 12
Km do Piódão e a acessibilidade era feita a pé ou a cavalo, por caminhos
demasiado estreitos, adaptados unicamente à passagem dos carros de bois.
A igreja matriz, branca e azul que e destaca entre o casario
antracite, respeita o estilo cisterciense pois ai existia um mosteiro da Ordem
de Cister, pois os monges de São Bernardo construíam os sus mosteiros em vales
estreitos e dificilmente acessíveis.
Chãs d’Égua e Foz d’Égua são outras duas povoações da
freguesia de Piódão que se destacam na paisagem natural e complementando-se a
Piódão, vale a pena visitar.
A seguir apresentam-se imagens da região de Chãs d’Égua.
Foz d’Égua é o encontro entre a ribeira do Piódão e a
ribeira de Chãs, local paradisíaco onde podemos desfrutar de uma praia fluvial
de rara beleza e apreciar duas pontes de pedra em arco perfeito, dois moinhos
em xisto, um lagar, blocos de pedra talhados pelas águas das ribeiras e
encontramos umas quantas habitações recuperadas em xisto e cobertas a lousa,
bem como uma ponte suspensa e ladeada de duas cabeças de égua, alusivas à origem
e faina desta aldeia, em que no tempo dos romanos seriam os seus habitantes
criadores de éguas e muares destinados à atrelagem das quadrigas e charrettes e
ainda, meia encosta, podemos apreciar o presépio gigante e o santuário de
identidade etnográfica e gosto duvidoso, mandados erigir por dois irmãos
residentes no Barreiro que se apaixonaram por este cantinho do paraíso serrano
e adquirindo o casario ali existente, recuperaram o espaço, conduzindo os
visitantes a alguma interpretação mística, não deixando contudo de ser um
verdadeiro postal ilustrado.
Ou seja, visitar Piódão ser ir até Foz d’Égua será o
equivalente a ir a Roma e não ver o Papa.
Por trilhos pedestres do PR2 AGN, podemos desfrutar da natureza
em todo o seu esplendor, onde o tempo parece ter parado nos vales profundos e nas
encostas retalhadas por socalcos de xisto, predominando as giestas amarelas, os
castanheiros, os carvalhos, os loureiros, os medronheiros, as aveleiras, as
cerejeiras-bravas, os rosmaninhos, as cameleiras, as azáleas, as carquejeiras e a urze.
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